segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

De ponta cabeça


Quando está tudo de ponta cabeça, como faz pra voltar? Tem volta? O que é vida normal para você?

De repente tudo muda.
Você está acostumado com sua rotina, com mudanças sutis, e tudo vira de pernas pro ar. Sem aviso. Sem explicação.
As pessoas ao seu redor não percebem o quanto isso te deixa preocupado, diferente, distraído.
Dizem que entendem a situação.
Acho que você só entende a situação se está dentro dela.
Aliás, quem está dentro do 'mundo de cabeça para baixo', não entende, não explica.
Será tirada uma lição disso tudo? Talvez.
Esse post serve para você, seu vizinho, seu amigo, seu chefe, seu empregado. Serve pra mim também.

Serve para aprender a ouvir mais. E falar menos. Para olhar sempre os dois lados da moeda.
Antes de tomar uma decisão, medir as consequências, para o bem, para o mal.
Você lê isso o tempo todo, mas.... Você faz?

Sobre o que eu estou escrevendo? Depende do que você está vivendo agora. Se serviu para você até agora, que bom!

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Pudor


Uma discussão me chamou a atenção ontem.Um novo amigo me questionou sobre meus pudores, e me acusou de não expor o que realmente sinto sobre as coisas e pessoas.Pensei um pouquinho hoje e fiz umas anotações soltas. Mastiguei tudo, e agora exponho aqui o que descobri.Eu me mostro sim. Mas, como boa estrategista que sou, mostro somente o que quero que vejam.No fim das contas, acredito que a privacidade vale a pena em muitos sentidos. Minhas particularidades e chatices não precisam ir a tona.
A ideia do blog já é uma parte minha que poucos conhecem. Coloco aqui sentimento, minhas paixões, minhas angustias. Meus desejos guardo só pra mim. É raro eu dizer algo que almejo publicamente. Só os íntimos sabem. Ou desconfiam. Talvez até achem que sabem...Sonhos eu corro atrás. Não dá pra ficar parando pra compartilhar. Só corro. Me esforço, vivo o que preciso viver. Faço o que gosto, e agora até parei com minha mania de ser metódica 24hs por dia.Tenho um bom velho amigo, que me conhece e me entende há uns bons 15 anos que sempre me disse: "para de ser assim, metódica e regrada."E eu tento não ser.Não sempre.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Silêncio

Morreu.
Aquilo que vivia dentro de mim não existe mais.
Acabou, voou. Foi parar bem longe. Ou não foi parar longe. Ainda ta indo pra longe. Mais bem longe mesmo.

Uma vez, não muito tempo atrás, eu li a respeito da transformação dos sentimentos.
Gostar vira amor, que vira paixão, que vira ódio. E acaba.
Depois reacende, vira ódio mortal, que vira amor de novo. Uma loucura, pensei.

E agora fiquei pensando melhor, e é verdade.
No fim das contas as pessoas vem e vão.
Uma hora são tudo, outra nada.
Um dia você ama, outro dia não quer nem ver na frente.

Como a vida é engraçada né? O mundo dá voltas. Muitas.

Seu melhor amigo, aquele que você não vive sem, um dia vai embora.
O amor que você achava que era verdadeiro, e doía de tanto amar, acaba.

E você sofre. Chora. E não passa. E dói. Muito, mesmo.
E aí um dia você acorda, e tá um dia lindo! Com o coração calmo e leve você percebe que o sentimento morreu.
O silêncio chega a ser ensurdecedor.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O livro que eu não escrevi.


Acordou assustada com o barulho que invadiu seus pensamentos.

Fechou seu livro, o colocou na mochila, olhou para o relógio: 15h40.

Olhou a sua volta, viu todos seus colegas de classe correrem atrasados para a aula de História Moderna. Mas não o viu passar.

Sentiu um pingo no ombro, outro no braço esquerdo, se enxugou olhou para cima para conferir o veredicto, "Vai cair um temporal", desabafou.

Aquele era seu lugar preferido na Universidade de New Jersey. A sombra da macieira era confortável para suas leituras das obras preciosas de

Sigmund Freud, Friedrich Nietzche. Podia passar horas sem se dar conta de que o mundo continuava girando enquanto ela lia.

Olhou de novo no relógio: 15h43. "Deve estar na biblioteca", murmurou.

Katherine levantou-se e seguiu para o prédio II, passou por alguns veteranos zoando com a cara de um calouro, estavam tentando convencê-lo a se declarar para a professora de Literatura, uma mulher mal amada, que usava roupas velhas e estava sempre com o cabelo desarrumado que não havia pensado duas vezes para dar zero para toda a turma de Psicologia na semana passada.

" Vamos, quem sabe ela descobre o amor e deixa todo mundo com nota 10?"

Ela sorriu, desviou do grupo e entrou no prédio, passou por dois andares de escadas e finalmente no terceiro o cruzou no corredor e acenou: - "John, preciso te mostrar o que eu descobri!"

Ele estava com uma garota pendurada em seu pescoço, dizendo o quanto ele ficava charmoso com a jaqueta do time de rugby. Com um pouco de esforço ele se livrou da loira, pegou Katherine pelo braço e a puxou até um corredor quieto.

-Já te disse para não expor a nossa amizade. Eu concordei em te ajudar, mas vamos nos encontrar em segredo! Ela consentiu e começou a caminhar de cabeça baixa até a biblioteca, ele a seguiu disfarçando para não serem vistos adentrando juntos até a última fileira de livros.

Ela se sentou no chão, tirou seus papéis bagunçados da velha mochila de couro e entregou a ele.

-Espero que tenha um bom motivo para me tirar da aula de História, mais uma falta e perco o semestre!

Ela sorriu. Como ele ficava adorável quando estava contra a luz do sol, seus cabelos castanhos acizentados caiam sobre os olhos cor de chumbo, olhos tão vivos que ela perdia o fôlego quando ele falava firme: "Katherine, suspirou... Estamos presos nisso há meses, quando vamos encontrar algo que seja concreto? Não temos provas ainda para expor ao reitor. Ele nos deu confiança total, mas não bota um pingo de fé nisso daqui" finalizou devolvendo os papéis a ela.

-Johnny, sorriu quando percebeu o olhar dele totalmente concentrado em sua fala, você quer prova maior do que a assinatura dele no fim de deste último pergaminho que encontrei? E me diga : se não fosse importante, por que estaria lacrado dentro da estante de livros do diretor da Universidade?

Meses antes, Katherine fora pega fora da aula, isso acontecia com frequência. Mas naquele dia o diretor não iria admitir. Ela havia conquistado o

primeiro lugar da Universidade de New Jersey de redação, e estava fora da classe no dia da final regional? Ele não deixaria de abrir mão de esfregar na cara dos outros diretores que sua aluna era a melhor e queria garantir mais uma medalha de honra para a preciosa estante de sua sala.

Mal sabia Mr. Philips que este era um plano para entrar na sala dele e roubar seu cofre. John estava do lado de fora da sala, aguardando o momento de arrumar briga com um calouro, para tirar a atenção do diretor.

Eles passavam a maior parte do tempo livre lendo as instruções daquilo que eles chamavam de "quebra-cabeça". Mapas, códigos, caminhos, cofres secretos, rabiscos, anotações em páginas de livro. Essa era a grande parte da diversão. Um jogo sem dono, de um antigo aluno encontrado escondido no baú do dormitório de Katherine.

Mas naquele dia ela havia encontrado algo. Uma série de números, que decifrados diziam o nome do autor da brincadeira.

-Crianças, disse a bibliotecária, já para fora, já são 17h00 e preciso que saiam daqui! Isto não é um quarto de motel, vão namorar em outro canto.

John levantou resmungando, e Katherine sorrindo baixinho o seguiu rumo ao desconhecido.

sábado, 29 de setembro de 2012

Das coisas que me incomodam...


A que mais me incomoda é você.
Sim, você meu caro amigo.

Me incomoda esse teu jeito de não decidir o que quer.

Só é feliz quem sabe o que quer?
Pobre de mim.
Para de pensar pra ser feliz.
Me incomoda essa tua busca pela felicidade plena.

Felicidade plena não há.


A felicidade mora dentro de você. Dentro de mim.

Está no ar que eu respiro, na chuva que tomo a caminho do trabalho. No sorriso do estranho que passa na rua, na criança que sorri para mim no ônibus.

Para achar a felicidade, goste de você. Esqueça seu trabalho, suas obrigações, seus problemas.


Tire um dia para você.

Cuide de você.

domingo, 23 de setembro de 2012

Uma nova missão


Tinha quase certeza de que sabia onde estava.
Há pouco abrira os olhos, nem imaginava há quanto tempo estava dormindo.
Pensou, respirou, abriu e fechou os olhos, olhou ao redor e constatou: não fazia a menor ideia de onde havia acordado.
Levantou, as pernas cambalearam dormentes. Caiu.
Apoiou-se e tentou novamente. Desta vez estava de pé.
Muita informação de uma só vez. Abrir os olhos, respirar, ficar de pé. Enfim, precisava descobrir onde havia caído.
Arrumou seu longo cabelo castanho. Seus cachos perfeitos refletiam o filete de luz que vinha da janela que acabara de descobrir entreaberta. "Oito horas da manhã no máximo, acordei no Planeta Terra" - Pensou, olhando para o sol.
Bateu suas asas que haviam se enchido de poeira, tossiu. Lembrou-se da última vez em que havia tossido. Sensação engraçada. Riu. Riu tanto que doeu a barriga. Riu mais ainda quando lembrou que tinha barriga e não tinha fome, afinal anjos não comem. Parou de rir quando descobriu que não podia fazer barulho.
Mais um inverno se aproximava, era sua época preferida na Terra. Adorava o aroma do café que invadia as casas por onde passava. O barulho das folhas das árvores brigando com o vento, as crianças correndo todas cheias de blusas e com os rostinhos vermelhos de frio. Quantas lembranças o velho Planeta lhe trazia.
Terminou de desamassar seus longos trajes acinzentados e resolveu enfrentar sua missão. No outro comodo escutava um ronco baixo e cansado. "Vamos ver o que temos para hoje" - Sussurrou.
Chegou até a sala e avistou Artur, que certamente havia dormido em sua velha poltrona, pelo jeito como estava caído pelas almofadas.
Aproximou-se e pegou em suas mãos. Sentiu uma avalanche de sentimentos e lamúrias. Andreia havia falecido há pouco mais de 3 meses. E a casa estava exatamente do jeito que ela havia deixado.
O jornal e revistas recém comprados em cima da mesinha do centro, jogado junto com um maço intacto de cigarros. As flores que tanto amava, agora já mortas e secas no jarro de água suja em cima da lareira. Flores que ela cuidava com tanto carinho colhidas em seu jardim quase que diariamente para enfeitar a casa. Haviam mudado há tão pouco tempo.
Rafael viu a rotina de Artur se estender por dias sem alteração nenhuma.
Acordava todos os dias no mesmo horário, fervia a água, preparava o café. Alimentava o gato. Tomava banho e chorava escondido. Almoçava pouco e devagar, ouvia discos de blues a tarde toda, e sem jantar dormia onde quer que estivesse.
Até que em uma tarde nublada sugeriu baixinho no ouvido dele um passeio pela vila.
Judith, a governanta, se animou ao ver seu querido patrão saindo de casa pela primeira vez em tanto tempo.
Artur caminhou uma tarde inteira, passou por árvores altas e baixas, num caminho reto e quase sem fim. Andou com o pensamento vazio, e quando chegou até a pequena igreja do vilarejo se ajoelhou e rezou. Finalmente deixou seu egoísmo de lado e pediu conforto, e neste momento o Anjo Rafael levou sua mão até seu ombro. Segurou firme e prometeu que dali não sairia.
Até que a próxima missão chegasse, é claro.

(Originalmente escrito e postado em 29/05/2012)

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Stranger in this town

  Estranho como a vida desenrola, uma hora tudo é tão natural, comum, faz parte da rotina, outra é só chegar uma brisa um pouquinho mais forte, e tudo muda de lugar. 

  Eu costumava ser uma sonhadora. Tentando entender o propósito deste mundo. Tracei metas, mudei caminhos, sonhei um bocado. 

  A vida veio e disse que estava na hora de mudar. O meu comodismo virou um caos. Tudo de ponta cabeça. Quem era amigo, já não vejo mais. O que era amor, acabou! Quem estava sumido, reapareceu. E quem estava dormindo, acordou! 
  E então acordei. Ainda tonta da queda, olhei ao redor e a paisagem era outra. Hora de acordar, limpar a sujeira e caminhar.

 O blog é uma ideia que martela na minha cabeça há tempos. Já rabisquei papéis, participei de outras escritas virtuais, e tenho livros inteiros publicados na minha memória. 

  Acredito que chegou a hora de criar um lugar para compartilhar alguns de meus devaneios.
  Vou repostar algumas coisas antigas, escrever novas notas. E permitir convidados especiais.

Sejam bem vindos aos meus devaneios. 


MR