quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O livro que eu não escrevi #2

Aquela que foi sua casa durante muitos anos, estava mais aconchegante do que nunca. Flores e arandelas nas paredes, formando lindos arranjos, algumas velas acesas, em candelabros dourados. Um perfume delicioso de lírios infestava o ambiente. Pétalas de flores silvestres coloriam o caminho em que ela pisava.
Era uma manhã linda de sábado. O friozinho típico de outono com aquele sol brilhante maravilhoso em contraste com o céu tão azul que parecia uma pintura.
Sua barriga pulava igual pipoca na panela. As borboletas do seu estômago estavam saltitantes naquele dia importante.
Subiu os degraus, não estava ouvindo nada, apesar de saber que havia música. O silêncio de seus pensamentos doía. Viu muitos rostos conhecidos, sorrindo emocionados para ela. Andou reto, equilibrando-se em seus saltos de brilhantes, de mãos dadas com o pai, sem saber por que estava sorrindo, anestesiada, contagiada. Estava alegre, nostálgica e inebriada.
E por apenas um instante, ela suspirou.
A garota que foi vestida de bailarina a uma festa do jardim de infância. Será que essa garota ainda existia dentro dela?
As brincadeiras de pega esconde, pular corda, pião.
Aquele tombo de bicicleta que estava gravado com uma bela cicatriz em seu joelho. Estava tudo ali. Bem na sua frente.
Os finais de semana no sítio dos avós, comendo maracujá do pé fazendo cara feia. Roubando amora da chácara vizinha. E correndo dos cachorros que tentavam pegá-la por estar invadindo território privado.
As noites sem dormir observando a mãe trabalhar até tarde pela fresta de sua porta do quarto de dormir.
O abraço gostoso de seu pai quando o time dele fazia gol no campeonato de futebol.

 O primeiro beijo, roubado do garoto com o qual ela sonhava acordada.
As primeiras espinhas da adolescência, que nasceram junto com os primeiros fios de cabelo branco de sua mãe.
As tardes estudando para passar no vestibular. E o dia da sua formatura no curso de Direito.
O dia em que contou para o pai que largaria tudo para estudar Artes Plásticas.

As muitas telas que eram brancas, foram ficando coloridas. E o que era vazio se enchia de felicidade.
Chegou o dia em que ele pegou em sua mão, e prometeu nunca mais largar. Sim, aquele cara que ela jurava que nunca ia perceber que ela existia.
O medo de não dar certo. A alegria pura e verdadeira que emanava de seus poros quando estava com ele.
E a risada alta e gostosa que ele dava quando ela fazia alguma trapalhada? Indescritível.
A primeira viagem internacional, para estudar os artistas mais importantes do mundo, dentro do seu campo de interesse. A saudade que apertava seu coração a cada dia que ficava sem ele.

Todos os anos da sua vida estavam bem ali, desfilando na sua frente.
E então ela abriu os olhos olhou para os olhos dele e disse : - Sim, eu aceito.
Todos aplaudiram, e agora que estavam casados, tinham o felizes para sempre pela frente.
Como se pudesse ser mais feliz, do que já era.

domingo, 11 de agosto de 2013

Quem não vive de utopia, não muda o mundo.

"Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer"  (Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores
Geraldo Vandré)


Tá, vou explicar do começo.

(Uma inspiração para escrever ontem, surgiu de uma conversa entre amigos, pós rolê de sábado à noite.
Algumas ideias já estavam perdidas há um tempo nos meus rabiscos, mas eu ainda não tinha um contexto definido para discutir).

Utopia pode ser definido como um sonho não realizado. Uma esperança, talvez.

A geração Coca-Cola já cantava que nascemos programados. Programados para quê?
Para engolir sem mastigar. A informação está aí, mas .. Você busca informação? Tem opinião? Reflete sobre o que lê/ouve?
Ou espera alguém tomar alguma atitude para sair do lugar? 
É você espera. 

Eu cresci ouvindo paradigmas. Que como a própria definição explica: devem ser respeitados. Mas quem disse que não podem ser discutidos?
Vamos refletir sobre o comportamento musical atual dos jovens que são o futuro da nação. (quero deixar claro que não estou julgando, estou abrindo espaço para uma discussão, preciso e quero outras opiniões)
Hoje, vejo as pessoas tão volúveis. 
Um dia gostam de pop. Mas aí a moda vem e te manda dançar forró universitário. Trocou o ano, e virou sertanejo universitário. 
Como diria um amigo: Que p*** de universitários são esses? Que raio de música está fazendo a cabeça desse povo?

De repente todos os caras bregas, que cantavam as músicas de "corno" ficaram legais. As muitas duplas fabricadas surgiram para faturar milhões de reais, falando sobre balada, pegação e cerveja, ao invés das letras de amor, que costumavam arrastar multidões.

A geração Tche Tche Rere Tche Tche não está muito preocupada com o que está cantando/dançando. Não nego que o ritmo anima a galera, e faz com que todos entrem no clima. Mas e as letras? E o sentido?
Música é uma forma de arte, para expressar o que uma pessoa está sentindo naquele momento. Algumas são pura arte, outras lixo.
Umas dão certo, e estouram. Outras, nunca serão ouvidas.

Fico pensando... existem tantos gêneros musicais que duram décadas, com letras importantes, que meus pais ouviam, e que ainda fazem muito sentido.

Quando a letra muda uma geração, ela fica marcada.

Pense no que você quer lembrar daqui 10, 20 anos.

Para mudar o mundo, comece mudando seu pensamento. Coloque mais sentimento no que faz.