sábado, 29 de setembro de 2012

Das coisas que me incomodam...


A que mais me incomoda é você.
Sim, você meu caro amigo.

Me incomoda esse teu jeito de não decidir o que quer.

Só é feliz quem sabe o que quer?
Pobre de mim.
Para de pensar pra ser feliz.
Me incomoda essa tua busca pela felicidade plena.

Felicidade plena não há.


A felicidade mora dentro de você. Dentro de mim.

Está no ar que eu respiro, na chuva que tomo a caminho do trabalho. No sorriso do estranho que passa na rua, na criança que sorri para mim no ônibus.

Para achar a felicidade, goste de você. Esqueça seu trabalho, suas obrigações, seus problemas.


Tire um dia para você.

Cuide de você.

domingo, 23 de setembro de 2012

Uma nova missão


Tinha quase certeza de que sabia onde estava.
Há pouco abrira os olhos, nem imaginava há quanto tempo estava dormindo.
Pensou, respirou, abriu e fechou os olhos, olhou ao redor e constatou: não fazia a menor ideia de onde havia acordado.
Levantou, as pernas cambalearam dormentes. Caiu.
Apoiou-se e tentou novamente. Desta vez estava de pé.
Muita informação de uma só vez. Abrir os olhos, respirar, ficar de pé. Enfim, precisava descobrir onde havia caído.
Arrumou seu longo cabelo castanho. Seus cachos perfeitos refletiam o filete de luz que vinha da janela que acabara de descobrir entreaberta. "Oito horas da manhã no máximo, acordei no Planeta Terra" - Pensou, olhando para o sol.
Bateu suas asas que haviam se enchido de poeira, tossiu. Lembrou-se da última vez em que havia tossido. Sensação engraçada. Riu. Riu tanto que doeu a barriga. Riu mais ainda quando lembrou que tinha barriga e não tinha fome, afinal anjos não comem. Parou de rir quando descobriu que não podia fazer barulho.
Mais um inverno se aproximava, era sua época preferida na Terra. Adorava o aroma do café que invadia as casas por onde passava. O barulho das folhas das árvores brigando com o vento, as crianças correndo todas cheias de blusas e com os rostinhos vermelhos de frio. Quantas lembranças o velho Planeta lhe trazia.
Terminou de desamassar seus longos trajes acinzentados e resolveu enfrentar sua missão. No outro comodo escutava um ronco baixo e cansado. "Vamos ver o que temos para hoje" - Sussurrou.
Chegou até a sala e avistou Artur, que certamente havia dormido em sua velha poltrona, pelo jeito como estava caído pelas almofadas.
Aproximou-se e pegou em suas mãos. Sentiu uma avalanche de sentimentos e lamúrias. Andreia havia falecido há pouco mais de 3 meses. E a casa estava exatamente do jeito que ela havia deixado.
O jornal e revistas recém comprados em cima da mesinha do centro, jogado junto com um maço intacto de cigarros. As flores que tanto amava, agora já mortas e secas no jarro de água suja em cima da lareira. Flores que ela cuidava com tanto carinho colhidas em seu jardim quase que diariamente para enfeitar a casa. Haviam mudado há tão pouco tempo.
Rafael viu a rotina de Artur se estender por dias sem alteração nenhuma.
Acordava todos os dias no mesmo horário, fervia a água, preparava o café. Alimentava o gato. Tomava banho e chorava escondido. Almoçava pouco e devagar, ouvia discos de blues a tarde toda, e sem jantar dormia onde quer que estivesse.
Até que em uma tarde nublada sugeriu baixinho no ouvido dele um passeio pela vila.
Judith, a governanta, se animou ao ver seu querido patrão saindo de casa pela primeira vez em tanto tempo.
Artur caminhou uma tarde inteira, passou por árvores altas e baixas, num caminho reto e quase sem fim. Andou com o pensamento vazio, e quando chegou até a pequena igreja do vilarejo se ajoelhou e rezou. Finalmente deixou seu egoísmo de lado e pediu conforto, e neste momento o Anjo Rafael levou sua mão até seu ombro. Segurou firme e prometeu que dali não sairia.
Até que a próxima missão chegasse, é claro.

(Originalmente escrito e postado em 29/05/2012)

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Stranger in this town

  Estranho como a vida desenrola, uma hora tudo é tão natural, comum, faz parte da rotina, outra é só chegar uma brisa um pouquinho mais forte, e tudo muda de lugar. 

  Eu costumava ser uma sonhadora. Tentando entender o propósito deste mundo. Tracei metas, mudei caminhos, sonhei um bocado. 

  A vida veio e disse que estava na hora de mudar. O meu comodismo virou um caos. Tudo de ponta cabeça. Quem era amigo, já não vejo mais. O que era amor, acabou! Quem estava sumido, reapareceu. E quem estava dormindo, acordou! 
  E então acordei. Ainda tonta da queda, olhei ao redor e a paisagem era outra. Hora de acordar, limpar a sujeira e caminhar.

 O blog é uma ideia que martela na minha cabeça há tempos. Já rabisquei papéis, participei de outras escritas virtuais, e tenho livros inteiros publicados na minha memória. 

  Acredito que chegou a hora de criar um lugar para compartilhar alguns de meus devaneios.
  Vou repostar algumas coisas antigas, escrever novas notas. E permitir convidados especiais.

Sejam bem vindos aos meus devaneios. 


MR